*Entrevista realizada por Vinícius Medeiros, publicada pelo site da Hoteliernews, em 5 de fevereiro de 2020.
Pedro Cypriano
Feb 2020
Matéria atualizada em 06/02 às 12h20*
Valor do negócio não foi revelado, mas estima-se em R$ 500 milhões
Dona de outros ativos na hotelaria, muitos deles de bandeira Accor, a HSI (Hemisfério Sul Investimentos) deu uma nova tacada no setor. A gestora fechou a compra do Hilton Morumbi, em um negócio para o qual precisou emitir debêntures de R$ 150 milhões. A negociação foi financiada em conjunto com o GIC Realty e intermediada Park Intermediate. Procurada, a assessoria de imprensa da HSI disse que a empresa vai se posicionar mais tarde sobre o assunto, mas confirmou a transação. A notícia foi inicialmente divulgada pelo Valor Econômico.
Pelo que apurou a reportagem do Hotelier News, o imóvel estava à venda há certo tempo. O ativo pertencia a um fundo imobiliário da Hilton Worldwide, chamado Park Hotels & Resorts, que está revendo seu portfólio global e se desfazendo de hotéis fora dos EUA. Reportagens na imprensa previam que a transação poderia chegar a cerca de R$ 500 milhões, incluindo 323 vagas de garagem.
O negócio foi concretizado em meio à trajetória de recuperação da hotelaria brasileira. São Paulo, contudo, está um passo à frente de outras praças, já conseguindo recompor preço de tarifa, que ainda permanece abaixo do período pré-crise. Dados do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) referentes a 2019 comprovam a tese.
A transação soou como uma porta que se abre para novos investimentos no mercado brasileiro. Segundo Pedro Cypriano, sócio da HotelInvest, a operação financeira é sinal de amadurecimento da economia. “É uma grande transação envolvendo marcas sofisticadas com bons ativos e de valor simbólico para o mercado brasileiro. Isso mostra que nossa hotelaria está favorável, com boas perspectivas e inflação controlada”, comenta. “Se as reformas se manterem, os investimentos serão mais sólidos e darão espaço para grandes players entrarem”, finaliza.
Já Caio Calfat, presidente da Adit Brasil, enxerga os dois lados da moeda e acredita que, apesar da confirmação do apetite pelo Brasil, a venda do Hilton Morumbi também pode significar retrocesso. “Nos últimos anos, a Hilton demonstrou vontade de expandir suas operações no mercado brasileiro. A venda do ativo pode ser sinal da diminuição das atividades da rede por aqui. Esperamos que isso seja apenas uma ação estratégica”.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Hilton Morumbi