Análise Conjuntural dos Investimentos Hoteleiros no Brasil

O Brasil despontou nos últimos anos como um dos países preferidos pelos investidores internacionais. Essa preferência tem seu fundamento: o país tem uma situação política estável, conseguiu desenvolver instituições fortes, sua economia está bastante bem equacionada, não existem tensões sociais significativas no país, etc. De uma maneira geral, não resta dúvida de que o Brasil, em termos de investimento, é uma das melhores apostas do mundo.

Uma das primeiras constatações dos investidores e empreendedores internacionais quando chegam ao Brasil é que os hotéis não estão à altura do país. Outros países de economia de dimensão semelhante, ou mesmo menores, possuem hotéis de melhor categoria. Impressiona o fato de ser possível se encontrar melhores hotéis em Buenos Aires ou em Santiago do que em São Paulo ou no Rio de Janeiro. 

A conclusão imediata a que chegam esses investidores é que a hotelaria no Brasil está “atrasada” e que, portanto, deve ser uma das grandes oportunidades de investimento do país.

A verdade, entretanto, é um pouco mais complexa. A hotelaria no Brasil tem suas especificidades e é preciso entendê-las antes de qualquer decisão de investir.

Ao longo deste artigo vamos discorrer sobre essas especificidades e sobre as informações gerais do mercado hoteleiro para, a partir daí, abordar estratégias de investimento que façam sentido.

HOTÉIS URBANOS VERSUS RESORTS

De um ponto de vista de investimento faz sentido se dividir os hotéis do Brasil em duas grandes categorias, que estão sujeitas a vetores semelhantes:

Hotéis urbanos – tipicamente hotéis urbanos presentes em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. São voltados principalmente para o público de negócios e de convenções, com um segmento de lazer que pode ser mais ou menos relevante, dependendo da atratividade turística da cidade em que estão.

Resorts – empreendimentos voltados ao público de lazer e convenções, localizados principalmente no Nordeste do país. Esses resorts muitas vezes estão inseridos em empreendimentos turístico-imobiliários, nos quais a relação de alavancagem entre o elemento turístico-hoteleiro e o imobiliário é importante na viabilidade econômica do projeto como um todo.

Os hotéis urbanos e os resorts têm dinâmicas de mercado e “drivers” específicos, que precisam ser bem compreendidos antes de se desenvolver qualquer estratégia de investimento no setor.

HOTÉIS URBANOS

A primeira informação importante para se entender o mercado das grandes cidades é que no Brasil praticamente não existe financiamento adequado para o setor hoteleiro. As linhas de crédito disponíveis no BNDES e no BNB ainda têm prazo incompatível com a atividade, custo relativamente alto e exigem garantias reais para além do empreendimento que está sendo financiado (não existe “project finance”).

A consequência desse fato é que a quase totalidade dos hotéis urbanos no Brasil são financiados 100% com capital, sem nada de dívida, uma situação bastante atípica comparando com o resto do mundo. Em virtude disso, a Taxa Interna de Retorno (TIR) a partir da qual um projeto pode ser considerado viável é exatamente igual ao retorno esperado pelo investidor para o seu capital (“equity yeld”), que está ao redor de 20% ao ano, muito alta para um projeto hoteleiro.

Como consequência dessa realidade, no início da década de 90 houve escassez de hotéis e o preço das diárias atingiu patamares bastante altos. Isso criou o “caldo de cultura” ideal para o surgimento dos condo-hotéis,  como uma forma de viabilizar empreendimentos hoteleiros sem dívida.

No Brasil inteiro as empresas de incorporação imobiliária lançaram condo-hotéis, dirigidos a pequenos investidores que almejavam um retorno de 1% ao mês sobre o seu investimento. Na década de 90 e início dos anos 2000 dezenas de milhares de quartos de condo-hotéis foram vendidos no mercado. 

A falta de critério das incorporadoras em lançar novos condo-hotéis fez com que o mercado hoteleiro enfrentasse uma das maiores super ofertas de que se tem notícia no mundo.

O exemplo do mercado de São Paulo, apresentado no gráfico 1, mais adiante, é emblemático. Em São Paulo a ocupação caiu de 67%, antes de 98, para 34% em 2002 e a diária média, que estava em R$ 270,00 desce para R$ 130,00. A combinação desses dois fatores faz com que a receita média por apartamento (RevPar) dos hotéis em São Paulo caísse de R$ 170,00, em 98, para o patamar de R$ 50,00 durante o período de 2002 até 2005.

Desde 2005 o mercado tem se recuperado, à medida que a demanda cresce, prevendo-se que volte aos mesmos patamares de RevPar do final da década de 90 por volta de 2014.

Quando se compara o ambiente de negócios no Brasil com a Europa e os Estados Unidos é fácil entender porque novos empreendimentos hoteleiros urbanos no Brasil ainda não são viáveis.

Na tabela acima se observa que os custos de implantação para as diversas categorias de hotéis no Brasil são bastante próximos aos observados na Europa e nos Estados Unidos (considerando-se 1US$ = 2 R$). A receita média por apartamento, entretanto, é menos de metade. 

Os mercados brasileiros estão em recuperação. As diárias devem subir e com elas a receita média por apartamento. Mercados como Porto Alegre e Brasília já estão bastante adiantados no processo de recuperação. Curitiba e Fortaleza estão menos avançados, mas a recuperação é inexorável pois a demanda cresce e os novos projetos hoteleiros em desenvolvimento hoje no país representam menos 1% de crescimento da oferta ao ano.

Em termos de estratégia de investimento esse cenário aponta claramente para uma oportunidade de se investir hoje em ativos hoteleiros existentes e avaliar o investimento em novos projetos apenas mais adiante, quando a recuperação do mercado estiver num estágio mais avançado. O investimento em renovação de hotéis também começa a ser viável.

OS RESORTS

Os resorts, de maneira especial os do Nordeste do Brasil, têm uma dinâmica muito diferente dos hotéis urbanos.

A informação relevante para se entender o mercado de resorts é que o Brasil é uma “long haul destination”, está longe dos principais emissores de turistas do mundo. Isso faz com que os resorts sejam muito dependentes do mercado doméstico. Como o mercado doméstico está mais concentrado na região Sudeste, os resorts do Nordeste são muito dependentes do transporte aéreo, que encarece substancialmente a viagem como um todo.

Ainda que pareça um contrassenso, apesar do mercado de resorts ser eminentemente doméstico, o desempenho desses resorts depende muito da taxa de câmbio. À medida que o dólar fica mais barato em reais, produtos dolarizados ficam mais competitivos no mercado brasileiro e “roubam” clientes dos resorts. Por produtos dolarizados entendam-se as viagens ao exterior (Argentina, Disney, Cancun, etc) e os cruzeiros marítimos, que apesar de acontecerem no Brasil têm seu custo e seu preço de venda atrelados à moeda norte-americana.

Existem resorts de altíssima atratividade como o Beach Park, no Ceará, e o Rio Quente Resorts, em Goiás, que são menos sensíveis aos efeitos do câmbio. De uma maneira geral, qualquer estudo de viabilidade de um resort deve incluir uma análise de cenários para diversas situações possíveis de câmbio.

No que tange a estratégia de investimento, a implantação de resorts no Brasil tem que ser analisada com muito cuidado. É preciso levar-se em consideração a sua atratividade, as características do destino turístico no qual está inserido e sua tendência e, eventualmente, o retorno previsto para o elemento imobiliário no caso de empreendimentos turístico-imobiliários.

O investimento em resorts e empreendimentos turístico-imobiliários é uma tarefa bastante complexa. Mesmo quando se analisa a compra de empreendimentos já existentes com preços muito abaixo do seu custo de construção, ainda assim se correm riscos grandes. O estudo aprofundado da oportunidade, levando-se em consideração todos os elementos envolvidos é essencial.

A OPORTUNIDADE DA COPA DO MUNDO

No ano 2014, o Brasil será a sede da Copa do Mundo de Futebol. Como diz o “slogan” desenvolvido pela Embratur, “o futebol volta à sua Meca”.

A Copa do Mundo deverá gerar um forte fluxo de turistas para o Brasil. Durante a sua realização os hotéis estarão todos lotados.

É claro que não faz sentido construir-se um novo hotel só para atender o público da Copa do Mundo, que somente ficará lotado durante o curto período que durar esse evento. A Copa do Mundo, entretanto, é uma excelente oportunidade para se alavancar a imagem do Brasil no exterior, e por isso uma competente campanha de marketing já está sendo desenvolvida pela Embratur.

Complementarmente a essa campanha, estão sendo estudadas pelo Ministério do Turismo, em parceria com o BNDES, alternativas para disponibilizar empréstimos para a renovação de empreendimentos hoteleiros existentes. Essa é uma maneira muito inteligente de se aproveitar a oportunidade da Copa do Mundo, pois isso contribui para aperfeiçoar a experiência dos turistas e melhora o nosso parque hoteleiro.

Nesse esforço não serão esquecidos os condo-hotéis, que respondem por 70% dos quartos hoteleiros das grandes cidades. Ainda que os condo-hotéis tenham uma estruturação jurídica que torne complexa a contratação de empréstimos, alternativas estão sendo estudadas.

ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTO EM HOTELARIA

Como dissemos antes, a hotelaria no Brasil tem suas especificidades. Na hotelaria urbana a grande oportunidade hoje está em adquirir ativos hoteleiros existentes. Ainda é possível comprar ativos por um valor bastante abaixo do custo de reposição, e a recuperação do mercado é bastante certa.

Investimentos em renovação e reposicionamento de empreendimentos hoteleiros existentes começam a ser viáveis e com a eventual disponibilização de empréstimos em condições favoráveis para esse propósito podem se tornar muito atrativos.

Investimentos em novos projetos de hotéis urbanos podem ser analisados hoje em oportunidades de nicho de mercado. Nossa estimativa é que devem começar a apresentar viabilidade dentro de 3 a 5 anos, sendo que a queda da SELIC pode antecipar esse prazo.

Resorts são investimentos complexos e de alto risco. Por alto risco entenda-se possibilidade de se ganhar muito e possibilidade de se perder muito. São investimentos para ser feitos sempre com muita cautela. Neste caso, estudar profundamente a oportunidade é um grande investimento.

Prévia do Panorama da Hotelaria Sul-Americana 1° Semestre de 2016 | 2° Edição

A Prévia do Panorama da Hotelaria Sul-Americana é a publicação anual da HVS/HotelInvest em parceria com a STR que analisa o desempenho parcial de 10 dos principais mercados hoteleiros da América do Sul. De forma geral, no primeiro semestre de 2016 a desaceleração econômica regional continuou a afetar a maioria dos mercados analisados. Apesar de ser uma realidade generalizada, o reflexo no setor hoteleiro é distinto em cada país.

Confira a publicação aqui:

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Panorama da Hotelaria Sul-Americana 2016/2017

Temos o prazer de apresentar a terceira edição do Panorama da Hotelaria Sul-Americana, uma publicação anual da HVS/HotelInvest (em associação com a STR) que apresenta e analisa o desempenho do setor em alguns dos principais mercados da região.

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Panorama da Hotelaria Brasileira 2014/2015

Sejam bem-vindos à 7ª edição do Panorama da Hotelaria Brasileira, a publicação anual da HVS/ HotelInvest que apresenta e analisa o desempenho do setor hoteleiro nas principais capitais brasileiras.

A cada ano, empenhamo-nos em trazer informações recentes e confiáveis, além de compreender e levar ao público os desafios e as oportunidades do mercado hoteleiro do país. Afinal, temos certeza que um mercado informado e transparente é um mercado mais sólido e profissional.

Nesta edição será possível observar quais foram os efeitos das situações pelas quais o mercado hoteleiro passou no ano de 2014, como: Copa do Mundo, arrefecimento da economia nacional e eleições presidenciais.

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Panorama da Hotelaria Sul-Americana 2015/2016

Temos o prazer de apresentar a segunda edição do Panorama da Hotelaria Sul‐Americana, uma publicação anual da HVS/HotelInvest (em associação com a STR) que apresenta e analisa o desempenho do setor em alguns dos principais mercados da região.

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Panorama da Hotelaria Sul-Americana 2014/2015

Temos o prazer de apresentar a primeira edição do Panorama da Hotelaria Sul-Americana, uma nova publicação anual da HVS/HotelInvest (em associação com a STR Global) que apresenta e analisa o desempenho do setor em alguns dos principais mercados da região.

Confira a publicação aqui:

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Placar da Hotelaria 2014 – 6ª Edição

Enfim a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014TM aconteceu, após 7 anos do anúncio da sua realização no Brasil e 4 anos após o início desta publicação realizada em parceria entre FOHB, HotelInvest e Senac São Paulo. Trazemos agora uma nova e última edição do Placar da Hotelaria que fecha o ciclo do estudo, resumindo a projeção de toda a oferta hoteleira para o ano de 2015, além de apresentar como se deu o desempenho efetivo dos hotéis durante o evento nos meses de junho e julho de 2014.

No total, foram seis edições desta importante publicação para o mercado brasileiro, na qual reunimos, desde agosto de 2010, informações de relevância para o mercado, avaliando perspectivas e projeções de crescimento da oferta hoteleira, norteando os atuais e os novos investidores da hotelaria nacional.

O estudo final mostra um quadro das últimas inaugurações de empreendimentos até 2015, perseguindo seu objetivo inicial de evitar a superoferta em longo prazo nas cidades-sede. E traz também ao mercado um panorama do desempenho da hotelaria durante a Copa do Mundo, sinalizando a evolução do setor em todas as 12 cidades-sede no
período da realização do mundial de futebol.

Com toda a experiência adquirida de preparo para sediar uma Copa do Mundo, esperamos que esse aprendizado possa ser utilizado como base para outros grandes eventos que estão por vir, como as Olimpíadas de 2016, e assim possamos aproveitar ao máximo todas as oportunidades.

Para visualizar o estudo, basta acessar o hotsite do Placar na internet: www.sp.senac.br/placardahotelaria.

Boa leitura!

Confira a publicação completa aqui!

Panorama da Hotelaria Brasileira 2013/2014

Chegamos à 6ª edição do Panorama da Hotelaria Brasileira, a publicação anual que apresenta e analisa o desempenho do setor
nos principais mercados nacionais.

A cada ano, empenhamo-nos em trazer informações recentes e confiáveis, além de compreender e levar ao público os desafios e as oportunidades do mercado hoteleiro do país. Afinal, temos certeza que um mercado informado e transparente é um mercado mais sólido e profissional.

Com isso, acreditamos que o Panorama se torna cada vez mais uma ferramenta imprescindível para hoteleiros, incorporadores e investidores, apoiando na formulação adequada de estratégias comerciais e de investimento.

Confira a publicação aqui:

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Panorama da Hotelaria Brasileira 2012/2013

Chegamos à 5ª edição do Panorama da Hotelaria Brasileira, a publicação anual da HotelInvest que apresenta e analisa o desempenho do setor nos principais mercados nacionais.

A cada ano, nos empenhamos em trazer informações recentes e confiáveis, além de compreender e levar ao público os desafios e as oportunidades do mercado hoteleiro do país. Afinal, temos certeza que um mercado informado e transparente é um mercado mais sólido e profissional.

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