Ritmo de crescimento de diária deve acelerar no país
Hotelinvest
Oct 2019
Tradicionalmente, o mercado hoteleiro aprova os seus orçamentos para o ano seguinte em meados de setembro. O que esperar para 2020? O que analisar antes de definir as metas financeiras do ano?
Não existe uma tendência única. Cada cidade e hotel têm as suas particularidades, mas alguns fatores, de forma mais ou menos presente, devem impactar o setor em todo o país. E entender e antecipar as tendências permite aproveitar ao máximo o potencial de desempenho do mercado.
No começo do ano, o orçamento realizado pelas redes associadas ao FOHB para o exercício de 2019 contemplava um aumento de 4,4% em RevPAR na média de 11 capitais do país, em comparação com 2018. No Panorama da Hotelaria Brasileira apresentamos os dados e, já na época, sinalizamos que o potencial de crescimento era superior. Passados os sete primeiros meses do ano, o crescimento de RevPAR foi quase 2,5 vezes o orçado. E, historicamente, como o desempenho do segundo semestre é superior ao do primeiro, até o final de 2019 a evolução acumulada pode ser ainda maior.
Teremos boas surpresas ao final de 2019, e 2020 tem potencial para ser ainda melhor, com aumento de ocupação e, principalmente, de diária em muitas cidades brasileiras. As principais premissas para esse posicionamento são indicadas abaixo.
Ambiente econômico em recuperação e mais favorável a investimentos
O crescimento médio anual do PIB entre 2017 e 2019 foi próximo a 1%. Para 2020, espera-se aceleração (+2%), além de inflação baixa (3,6%), taxa de juros (Selic a 5%) e desemprego (-5%) em queda. Os índices de confiança da indústria e do consumidor voltaram a subir e o índice IBOVESPA acumula crescimento de 8% comparando-se a média de janeiro a agosto de 2019 com o mesmo período de 2018. Além da melhoria geral dos principais indicadores econômicos nacionais, também se espera a aprovação da reforma da previdência, o que deve gerar mais otimismo e negócios no setor produtivo.
O resultado operacional das empresas está crescendo e o ambiente econômico é mais favorável a investimentos. Como reflexo, o total de pernoites continuará subindo, e, com maior pressão de demanda, os preços devem intensificar o ritmo de aumentos.
Melhoria da infraestrutura aérea
Apesar de ainda longe do ideal, os investimentos em modernização e ampliação dos aeroportos têm melhorado a infraestrutura aérea nacional. A movimentação de passageiros voltou a crescer e a facilitação na obtenção de visto ao Brasil deve induzir nova demanda internacional ao país.
Apesar da recuperação judicial da Avianca Brasil, seus voos tendem a ser realocados entre outras empresas e o interesse de novas cias aéreas tem aumentado pelo país após a alteração no marco regulatório do setor e permissão à entrada de novas companhias aéreas com 100% de capital estrangeiro. A exemplo da entrada da Flybondi, JetSmart e Norwegian, no segmento low cost. Com maior competição, os preços tendem a cair em médio prazo e, como consequência, mais pessoas poderão viajar.
Diária já voltou a crescer
Em quase todo o país as taxas de ocupação crescem desde o início de 2017. Já são quase 3 anos de recuperação, com provável intensificação em 2020 em razão da melhoria das perspectivas econômicas. Com ocupação mais próxima ao pico sazonal e diárias ainda reprimidas (valor real até 50% abaixo do pico histórico), há espaço para crescimento. E São Paulo deve ser a líder desse processo. A ocupação anual já está próxima a 70% e o aumento de tarifa até julho de 2019 é superior a 10% nominais, em comparação com o mesmo período de 2018. Esse processo deve se intensificar em 2020.
E não apenas São Paulo vem aumentando as tarifas, a exemplo de Belo Horizonte, Vitória e Salvador. E, de forma mais modesta, também Porto Alegre e Curitiba. Nota-se que algumas das cidades mencionadas estão com ocupação abaixo de 65%. É importante desmitificar a crença de que apenas destinos com mais de 65% de ocupação podem subir diária.
No início de setembro publicaremos a edição atualizada do Panorama da Hotelaria Brasileira, um material rico em análise para ajudar na finalização dos orçamentos de 2020. Sem nova oferta expressiva para os próximos anos e com recuperação econômica, a base para crescimentos mais agressivos está posta.