Os próximos 4 meses ainda serão críticos para os hotéis no Brasil

Leia artigo de Pedro Cypriano!

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Pedro Cypriano

Mar 2020

Acabo de ler uma notícia na Economist, “China goes back to work” (China volta ao trabalho), que acredito ser de interesse aos brasileiros e ao mundo neste delicado momento que vivemos.

Dados recentes na China talvez nos ajudem a entender a velocidade de recuperação do Brasil no período pós-pandemia. E tudo indica que a inicialmente esperada curva em V (rápida queda, rápida volta) é pouco provável.

Primeiro os dados positivos. Há 1 mês e meio, a disseminação da Covid-19 foi contida e o território chinês começa a voltar à normalidade. Restrições de contato social e de viagens foram retiradas na maior parte do país e as grandes empresas retomaram em 100% as suas operações. O período de recuperação começou.

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Agora o lado difícil da história. As viagens de avião, trem e carro estão próximas a 30% do volume esperado em condições normais. Empresas de comércio relatam receitas ainda 2/3 abaixo do normal. Indústrias voltaram a operar, mas reativar a demanda tem sido mais difícil. E são três os principais desafios:

  1. parte do reaquecimento econômico depende de inúmeros países, não apenas do mercado doméstico;
  2. o medo da população ainda é presente e as atividades não estritamente necessárias estão sendo evitadas;
  3. a queda de renda limita o consumo de bens e serviços secundários.

Como consequência, a ocupação dos hotéis na China ainda se encontra próxima a 20%, 1 mês e meio após o controle do coronavírus. Para os próximos meses, espera-se crescimento gradual da demanda, mas ainda não se sabe em qual velocidade.

Recuperação no Brasil também pode ser mais longa que o desejado

No Brasil, abril será mais um mês de crescimento exponencial da doença. Em maio, se tudo der certo, teremos controlado a disseminação do vírus. Em junho, começaríamos a recuperação do país. Apesar das diferenças econômicas e sociais entre a China e o território brasileiro, os desafios anteriormente destacados para reativar a demanda por bens e serviços são parecidos. Logo, se a mesma proxy da China se aplicar à nossa realidade, em julho ainda teremos ocupação entre 20-30%. Para os meses seguintes, a velocidade de recuperação é ainda mais incerta.

Esperemos que os desdobramentos da Covid-19 sejam menos intensos e que consigamos retomar às atividades normais de forma mais rápida. A verdade é que tudo pode acontecer em um ambiente tão incerto. No entanto, preparar-se para uma recuperação possivelmente mais longa é recomendável. A necessidade de caixa para cobrir prejuízo operacional pode se estender por um período mais longo.

Desde a HotelInvest, continuaremos monitorando o mercado e atualizando constantemente as nossas estimativas de recuperação do setor. Em breve, divulgaremos análises complementares a todo o mercado.

Link para a notícia completa da Economist.

Link para a publicação “Covid-19: impacto no setor hoteleiro do Brasil’, recentemente divulgada pela HotelInvest.