Uso de Marcas Hoteleiras em Hotéis Independentes

A expansão das redes e o aumento da concorrência tem levado muitos hoteleiros a considerar o uso de marcas conhecidas em seus empreendimentos.

Icone usuário

Cristiano Vasques

Jan 2015

Durante um período de forte crescimento econômico, antes do período de crise, o Brasil presenciou um forte ciclo de renovação do seu parque hoteleiro. Houve expansões de empreendimentos existentes, reformas e reposicionamentos de unidades antigas, abertura de novas unidades e chegada de bandeiras e redes às cidades de médio e pequeno porte.

A partir de meados da década, com o início e a persistência do processo de desaceleração econômica, esse ciclo começou a arrefecer. De fato, ainda vemos inúmeras cidades registrando aberturas de novos empreendimentos e outras nas quais há hotéis em construção. No entanto, são resultados de projetos planejados e iniciados ainda nos anos de ouro.

O fato é que há cada vez menos mercados nos quais há boas oportunidades de desenvolvimento – seja por falta de dinamismo da economia, seja por excesso de oferta em desenvolvimento ou operação. Com isso, as redes estão voltando seus esforços para a conversão de hotéis independentes em unidades que usam suas marcas e se beneficiam de seus sistemas de reservas.

Atualmente, o país conta com aproximadamente 450 mil quartos de hotéis. Desse total, cerca de apenas 25% são afiliados a redes, nacionais ou estrangeiras. Por mais que muitos desses empreendimentos independentes sejam pouco qualificados ou não possam se adaptar aos padrões de redes (por segurança, porte ou qualidade das instalações), fica evidente que há uma enorme oportunidade de crescimento para as operadoras.

Diante dessa tendência, veja alguns esclarecimentos ou pontos que merecem atenção:

  • Tipos de conversão: um hotel independente pode se associar à uma rede de diferentes formas. Ele pode: (a) fazer um acordo de licença para uso de marca e sistema de reservas; (b) ser um franqueado, ou; (c) ter o hotel administrado pela rede. Quanto maior o envolvimento da operadora, maiores as taxas e menor o nível de participação do proprietário na gestão do negócio;
  • Algumas vantagens: uso de marcas de boa reputação e que se diferenciam dos competidores, maior suporte central e técnicas de gestão mais modernas para administrar o hotel, maior parcela de vendas diretas e menor dependência de agências e OTAs (por um custo menor que o dessas intermediadoras);
  • Algumas desvantagens: necessidade de investimento constante para atender a padrões de marca, existência de custos operacionais corporativos (treinamentos, fidelidade, sistemas, etc) e relativa perda de autonomia administrativa.

Após anos estudando o desempenho de diferentes hotéis em diferentes mercados, pude constatar que hotéis de rede tendem a ter melhor RevPAR que hotéis independentes, especialmente em momentos de baixa de mercado.

E isso me leva a outro ponto importante. Quando a hotelaria é o negócio principal do empreendedor, a atividade pode se manter independente, apresentar bons resultados e ter reais perspectivas de crescimento. 

Ao contrário, a hotelaria não é um negócio rentável quando: o hotel é um negócio secundário de um empresário, ou; quando se trata de um empreendimento isolado e a empresa hoteleira não consegue atingir um nível adequado de faturamento e atingir uma escala maior.

Hotéis de redes regionais, implantados e administrados de forma bastante profissional, também costumam ter bons níveis de desempenho. Hotéis independentes, isolados, tendem a não atingir uma escala suficiente para que o negócio cresça e prospere.

Dito isso, quantas vezes você, hoteleiro independente, já refletiu profundamente sobre o que o futuro reserva ao seu empreendimento?