Pedro Cypriano para Hotelier News: Hotelaria, vamos pensar no pós-pandemia?

Vinicius Medeiros para Hotelier News em 25/03/2020

Confira o link original da publicação.

Ontem (24), a partir de dados da STR, nossa reportagem mostrou que o pico da crise para a hotelaria pode passar em cinco semanas. No período, que é vivido agora, a ocupação (e a receita) dos hotéis desce para algo próximo a zero. Naturalmente, por medidas de saúde pública ou em função da queda drástica de demanda, muitas unidades pelo país paralisaram atividades. Ainda na mesma matéria, questionamos se o setor seria capaz de suportar esse tempo todo e, propositalmente, deixamos de abordar outra questão fundamental. O que pode acontecer após o olho do furacão passar?
 
Sim, projetar o futuro próximo após o pior da crise é relevante e, claro, rende uma reportagem totalmente nova. Mais uma vez, fazer o uso de dados é extremamente relevante para desenhar cenários possíveis e ajudar na tomada de decisão. Com auxílio valioso da HotelInvest, o Hotelier News tenta agora apontar um horizonte possível, e usando duas praças centrais como referencial (São Paulo e Rio de Janeiro). E, veja bem, o que você lerá na sequência nada mais são do que possibilidades e, lamentavelmente, trata-se de um panorama otimista, com início de recuperação já em junho. Variáveis como eficácia no plano de contenção ao coronavírus e medidas econômicas emergenciais por parte do governo são determinantes para o desenrolar dos fatos.

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Uma questão que deve passar na cabeça de todo hoteleiro é a seguinte: consigo aguentar cinco semanas com receitas limitadíssimas? Com a palavra Pedro Cypriano, Managing Partner da HotelInvest: “Enquanto os casos estiverem crescendo exponencialmente, é natural que o setor de turismo e a hotelaria continuem paralisados”, observa. “Talvez para cinco semanas haja fôlego, e com muito esforço. Vale lembrar que muitos hotéis e redes fecharam 2018 com lucro operacional reduzido, ou até mesmo com perdas. No ano passado, o mercado se recuperou bem, mas é bem provável que o caixa da maioria ainda esteja apertado”, observa.

Cypriano pondera que há ainda o pós-olho do furacão, e esse momento também é decisivo para os hotéis. “Os problemas se concentram apenas nesse período de pico? Está longe disso, porque o processo de recuperação não vai ser do dia pro outro. Vale ressaltar que há ainda muitos riscos e incertezas na mesa”, avalia. “Por isso, acredito que o processo de reabertura dos empreendimentos pode ser mais longo do que pensamos, o que levará a uma recuperação do setor de maneira gradual”, acrescenta.

Hotelaria e os dados

Então, depois da análise, vamos aos números. Segundo dados levantados pela HotelInvest, a ocupação na capital paulista vinha em crescimento no acumulado de 2020 até 11 de março, com alta de 7% frente igual período de 2019. No dia seguinte, veio o furacão: a média na cidade, que estava próxima a 62%, caiu a 8% nos últimos dias da terceira semana do mês. O indicador recuou 69 pontos percentuais, o que representa diminuição de 91% na demanda. Especificamente na semana de 16 a 22 de março, a variação negativa média foi de 82%.

Hotelaria - estudo HotelInvest_info 2

Queda na 3ª semana de março foi acentuada, acelerando fechamento de hotéis

“Levando em conta que março vinha com bom desempenho até 11 de março, nossa projeção é que o mês acaba com uma ocupação média na casa de 32%. A situação aperta em abril, quando o indicador pode ficar abaixo de 5%”, observa Cypriano. A partir daí, a pergunta que fica é a seguinte: se tudo der certo, maio e junho marcam o início da melhora, mas de quanto? 

“Se pensar que a China está hoje com uma ocupação de 20%, no cenário mais otimista possível estaríamos com esse percentual em junho. Se a partir dali a expansão for de 10 pontos percentuais mensais, São Paulo fecha o ano com uma ocupação anual de 35%. E, nesses patamares, não tem como o ano não ser um desastre” completa o executivo. 

Pensando em um horizonte mais amplo, e se nos seis meses seguintes a abril a atividade hoteleira realmente ganhar o fôlego esperado e recuperar a ocupação, pode-se pensar em uma retomada mais acelerada a partir de 2021. Já um eventual retorno aos padrões de tarifa do período pré-coronavírus pode demorar um pouco mais, caso o setor não entre em guerra tarifária. Este talvez seja o principal risco para o próximo ano.

“Não há dúvida, é um momento muito difícil para a hotelaria nacional, talvez o pior da história. Agora, crises acontecem, chegam a momentos severos e depois há uma retomada. aA velocidade dessa recuperação vai depender do que ocorrerá nos próximos seis meses”, comenta Cypriano. “Mais ainda, a atuação do governo é vital, e não para o crescimento do setor, mas para a sobrevivência dos hotéis de rede e dos independentes. Muitos deles não têm acesso ao mercado de capitais e não são donos dos ativos, entre outras questões”, completa. De fato, sem auxílio governamental, muitos estão fadados à falência.

Veja as mensagens-chaves dessa reportagem abaixo. Por fim, para ter acesso ao estudo completo da HotelInvest, incluindo dados do Rio de Janeiro, acesse https://bit.ly/2xs3lCd.

(1) Queda de demanda de até 90% até a terceira semana de março: para as próximas semanas, queda se acentuará.

(2) Diária média ainda não caiu: lado positivo até o momento: sem queda de diária, o potencial de recuperação de desempenho seria mais rápido após o fim da crise.

(3) Expectativa de ocupação próxima a 35% em São Paulo e de até 45% no Rio de Janeiro na média do ano de 2020: e isso caso a recuperação se inicie em junho e cresça gradativamente (10 pontos percentuais ao mês) até dezembro.

(4) Possibilidade do desempenho voltar a patamares de 2019 no início de 2021: caso o setor inicie a recuperação nos próximos seis meses.

(5) Fechamento de diversos hotéis é inevitável em curto prazo: nos próximos dois meses a ocupação deve ficar próxima a 5%. Muitos hotéis fecharão temporariamente como estratégia de minimização de perdas.

(6) Apoio governamental ao longo de 2020 é fundamental para a solvência do parque hoteleiro nacional: sem auxílio, muitos hotéis devem ir à falência e pode colapsar o sistema de viagens em todo o país, com desdobramentos sérios a toda a economia.

(*) Crédito da capa: Vinicius Medeiros/Hotelier News

(**) Crédito das infográficos: HotelInvestPublicidade

COVID-19: impacto na hotelaria brasileira

Diante do difícil momento relacionado à disseminação da COVID-19 pelo mundo e pelo Brasil, a HotelInvest proverá atualizações sobre os impactos no desempenho hoteleiro em algumas cidades do país.

Nosso objetivo é auxiliar o setor a medir os desdobramentos da crise nos hotéis em território nacional e sinalizar o potencial de recuperação nos próximos meses.

Nesta primeira edição, analisaremos as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, pois são mercados que a HotelInvest possui dados diários de ocupação e tarifa. Encorajamos outras grandes cidades do Brasil a fornecer informação à HotelInvest para que possamos ampliar o escopo geográfico do estudo e assim auxiliar também outros destinos nacionais.

A economia, e principalmente o turismo brasileiro, vive o período mais delicado em sua história. Logo, a união entre os empresários do setor, os trabalhadores e o poder público será fundamental para a solvência do parque hoteleiro nacional. Unidos, acreditamos no potencial de recuperação do mercado ao longo do ano.

Os próximos 3 meses serão os mais difíceis para o país. Neste período, e ao menos nos 3 meses subsequentes, medidas de contenção de custo e de auxílio governamental são vitais para o setor.

Esperamos em breve poder dividir novamente informações positivas com o mercado.

Contem conosco!

Confira o material aqui!

Hotelier News: “Efeito coronavírus: ocupação em São Paulo cai 9% na 2ª semana de março”

Crédito imagem de capa: Foto: Dado Ruvic/Reuters/Arquivo 

Vinicius Malheiros para Hotelier News.

Confira a matéria original aqui.

Os efeitos do coronavírus na ocupação de São Paulo começaram a partir da segunda semana de março. A queda, entretanto, ainda é o começo de um movimento que certamente vai se acentuar nas próximas oito semanas. É o que mostra estudo divulgado hoje (17) pela HotelInvest, que mostra recuo médio de 9% no período citado em relação a 2019. 

Pedro Cypriano, managing partner da HotelInvest, aponta a segunda semana de março como um momento de inflexão de tendência. Segundo o executivo, até ali a ocupação crescia 5%, em média, em relação a igual período de 2019. “Houve uma mínima de queda de 17% nos últimos dias da semana”, acrescenta.

A análise da HotelInvest é bem parecida com o que a reportagem do Hotelier News apurou com hoteleiros na semana passada. Além de hospedagem, o período foi marcado por muitos adiamentos e cancelamentos de eventos. Diante desse contexto, uma palavra-chave deve estar na cabeça dos hoteleiros: caixa.

Coronavírus - impacto SP_gráfico

“O setor vai passar momentos bastante delicados nos próximos meses. No entanto, ninguém sabe ao certo qual vai ser o tamanho do tombo”, observa Cypriano. “Planos de contingência precisam ser pensados. E o foco estará no controle de custos, já que a queda em ocupação será inevitável em curto prazo”, completa.

Projeções em São Paulo

Cyrirano acredita que fazer estimativas precisas sobre o desempenho do mercado neste momento é um exercício de futurologia complicado. Sabe-se, no entanto, que a queda de movimento atual é apenas o começo. Segundo o executivo, e em cima do que ocorreu em outros mercados atingidos pelo coronavírus, ocupação pode cair a 30%, talvez até menos, dependendo do noticiário.

“os próximos dois meses serão difíceis e, a depender da evolução da epidemia no país, a partir do terceiro mês a coisa pode começar a melhorar. O retorno aos patamares anteriores deve acontecer entre o quarto ou sexto mês”, projeta. “Ainda assim, cravar qualquer coisa é muito difícil, pois informações novas podem agravar ou melhorar a situação”, completa. Vale lembrar que, hoje, foi noticiada a primeira morte pela doença no país, o que assusta a população.

O que o executivo da HotelInvest não tem dúvidas é que crises passam. Por isso, mais do que controlar os custos, e muito provavelmente queimar o fundo de reservas existente, a hotelaria não pode cair na tentação de baixar tarifas. 

“Estratégias de diminuir preço para trazer demanda podem atrasar ainda mais a retomada de diária média que o mercado desenhava desde 2019”, avalia Cypriano. “Por isso, outra palavra-chave importante é resiliência nos próximos meses. Prejuízos vão acontecer, mas ao baixar o preço essas perdas podem crescer ainda mais lá na frente”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Vinicius Medeiros/Hotelier News

(**) Crédito do infográfico: Divulgação/HotelInvest

Websérie “Os Segredos da Multipropriedade e do Timeshare” – Episódio 3 – Fabiana Leite

Conhecendo mais sobre as empresas de intercâmbio: a experiência, a importância do destino e a venda de semanas 

Continue embarcando nas histórias de grandes players do mercado e entenda mais sobre os produtos turístico-hoteleiros que estão cada vez mais mudando a cara do turismo no Brasil: a multipropriedade e o timeshare. A fim de dividir suas experiências e histórias de sucesso, veja quem Diogo Canteras, sócio fundador da HotelInvest, recebeu no segundo episódio da websérie “Os Segredos da Multipropriedade e do Timeshare”.

Diogo Canteras, sócio fundador da HotelInvest, recebe no segundo episódio da websérie Os segredos da Multipropriedade e do Timeshare, Fabiana Leite, líder de operações da RCI Brasil. O bate-papo apresenta a trajetória da profissional, dicas sobre como escolher os melhores destinos e uma explicação sobre as principais diferenças entre timeshare e multipropriedade.

Confira o episódio completo com Fabiana Leite:

Panorama da Hotelaria Brasileira 2020 – 14ª Edição

Essa é a terceira edição do Panorama elaborada com o importante apoio institucional do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), que forneceu à HotelInvest dados agregados de ocupação e de diária em 11 capitais nacionais. Além de um profundo levantamento da oferta de hotéis urbanos (vinculados a redes) em desenvolvimento no país, também analisamos as perspectivas de crescimento de desempenho no setor hoteleiro nacional, por mercado estudado.

Agradecemos o apoio de todas as redes hoteleiras e do FOHB para a realização do Panorama. No total, o desempenho de 148 hotéis e de 25.768 UHs foi analisado, e 35 das principais redes hoteleiras do país informaram seu pipeline de novos projetos. A participação de vocês é fundamental para que a publicação continue sendo uma valiosa e consistente fonte de informação estratégica do setor hoteleiro no Brasil.

Em 2019, o desempenho dos hotéis cresceu quase o dobro do orçado pelas redes associadas ao FOHB. Para 2020, os orçamentos preveem um aumento de 2,5% em ocupação e de 2,9% em diária, além da inflação. O otimismo já é maior no mercado e acreditamos que até o fim do ano o faturamento da hotelaria nacional crescerá, mais uma vez, acima das expectativas iniciais.

Desejamos a todos uma boa leitura e ótimos negócios!

Confira a publicação completa aqui!

Websérie “Os Segredos da Multipropriedade e do Timeshare” – Episódio 2 – Maria Carolina Pinheiro

A Multipropriedade e o seu poder de adaptação: como a Wyndham entendeu o mercado latino-americano

É hora de embarcar em mais uma história de um grande player do mercado e entender mais sobre os produtos turístico-hoteleiros que estão cada vez mais mudando a cara do turismo no Brasil: a multipropriedade e o timeshare. A fim de dividir suas experiências e histórias de sucesso, veja quem Diogo Canteras, sócio fundador da HotelInvest, recebeu no terceiro episódio da websérie “Os Segredos da Multipropriedade e do Timeshare”.

Diogo Canteras, sócio fundador da HotelInvest, recebe no terceiro episódio da websérie Os segredos da Multipropriedade e do Timeshare, Maria Carolina Pinheiro, Vice President, Development Latin America and The Caribbean da Wyndham Hotels & Resorts. A conversa aborda assuntos como a criação de produtos específicos para o mercado brasileiro, gestão de empreendimentos de multipropriedade e o papel do Asset Manager.

Websérie “Os Segredos da Multipropriedade e do Timeshare” – Episódio 1 – Danilo Samezima

WAM Brasil expande a Multipropriedade no Brasil: entenda a história da empresa pioneira no segmento

Chegou a hora de conhecer a história de grandes players do mercado e entender mais sobre os produtos turístico-hoteleiros que estão cada vez mais mudando a cara do turismo no Brasil: a multipropriedade e o timeshare. A fim de dividir suas experiências e histórias de sucesso, veja quem Diogo Canteras, sócio fundador da HotelInvest, recebeu no primeiro episódio da websérie “Os Segredos da Multipropriedade e do Timeshare”.

Danilo Samezima é diretor de novos negócios e estratégias da WAM Brasil, empresa precursora desse movimento no país. No bate-papo, ele aborda temas como a importância da estrutura de lazer para o multi-proprietário, a história do destino Caldas Novas e como entender sobre a viabilidade econômica-financeira de um empreendimento.

Perspectivas 2020

O Brasil está no início de um novo ciclo de crescimento econômico, o que sinaliza uma tendência de recuperação também para os hotéis. Mas o que esperar para 2020? Quais são as aberturas previstas e como devem evoluir ocupação e diária média no setor?

O material foi escrito por Pedro Cypriano e Fernando Caramel, Consulting Partner e Consulting & Valuation na HotelInvest.

Faça o download do arquivo com as Perspectivas para 2020 aqui!

Orçamentos hoteleiros para 2020: qual é o potencial do seu hotel?

Tradicionalmente, o mercado hoteleiro aprova os seus orçamentos para o ano seguinte em meados de setembro. O que esperar para 2020? O que analisar antes de definir as metas financeiras do ano?

Não existe uma tendência única. Cada cidade e hotel têm as suas particularidades, mas alguns fatores, de forma mais ou menos presente, devem impactar o setor em todo o país. E entender e antecipar as tendências permite aproveitar ao máximo o potencial de desempenho do mercado.

No começo do ano, o orçamento realizado pelas redes associadas ao FOHB para o exercício de 2019 contemplava um aumento de 4,4% em RevPAR na média de 11 capitais do país, em comparação com 2018. No Panorama da Hotelaria Brasileira apresentamos os dados e, já na época, sinalizamos que o potencial de crescimento era superior. Passados os sete primeiros meses do ano, o crescimento de RevPAR foi quase 2,5 vezes o orçado. E, historicamente, como o desempenho do segundo semestre é superior ao do primeiro, até o final de 2019 a evolução acumulada pode ser ainda maior.
Teremos boas surpresas ao final de 2019, e 2020 tem potencial para ser ainda melhor, com aumento de ocupação e, principalmente, de diária em muitas cidades brasileiras. As principais premissas para esse posicionamento são indicadas abaixo.

Ambiente econômico em recuperação e mais favorável a investimentos

O crescimento médio anual do PIB entre 2017 e 2019 foi próximo a 1%. Para 2020, espera-se aceleração (+2%), além de inflação baixa (3,6%), taxa de juros (Selic a 5%) e desemprego (-5%) em queda. Os índices de confiança da indústria e do consumidor voltaram a subir e o índice IBOVESPA acumula crescimento de 8% comparando-se a média de janeiro a agosto de 2019 com o mesmo período de 2018. Além da melhoria geral dos principais indicadores econômicos nacionais, também se espera a aprovação da reforma da previdência, o que deve gerar mais otimismo e negócios no setor produtivo.

O resultado operacional das empresas está crescendo e o ambiente econômico é mais favorável a investimentos. Como reflexo, o total de pernoites continuará subindo, e, com maior pressão de demanda, os preços devem intensificar o ritmo de aumentos.

Melhoria da infraestrutura aérea

Apesar de ainda longe do ideal, os investimentos em modernização e ampliação dos aeroportos têm melhorado a infraestrutura aérea nacional. A movimentação de passageiros voltou a crescer e a facilitação na obtenção de visto ao Brasil deve induzir nova demanda internacional ao país.
Apesar da recuperação judicial da Avianca Brasil, seus voos tendem a ser realocados entre outras empresas e o interesse de novas cias aéreas tem aumentado pelo país após a alteração no marco regulatório do setor e permissão à entrada de novas companhias aéreas com 100% de capital estrangeiro. A exemplo da entrada da Flybondi, JetSmart e Norwegian, no segmento low cost. Com maior competição, os preços tendem a cair em médio prazo e, como consequência, mais pessoas poderão viajar.

Diária já voltou a crescer

Em quase todo o país as taxas de ocupação crescem desde o início de 2017. Já são quase 3 anos de recuperação, com provável intensificação em 2020 em razão da melhoria das perspectivas econômicas. Com ocupação mais próxima ao pico sazonal e diárias ainda reprimidas (valor real até 50% abaixo do pico histórico), há espaço para crescimento. E São Paulo deve ser a líder desse processo. A ocupação anual já está próxima a 70% e o aumento de tarifa até julho de 2019 é superior a 10% nominais, em comparação com o mesmo período de 2018. Esse processo deve se intensificar em 2020.

E não apenas São Paulo vem aumentando as tarifas, a exemplo de Belo Horizonte, Vitória e Salvador. E, de forma mais modesta, também Porto Alegre e Curitiba. Nota-se que algumas das cidades mencionadas estão com ocupação abaixo de 65%. É importante desmitificar a crença de que apenas destinos com mais de 65% de ocupação podem subir diária.

No início de setembro publicaremos a edição atualizada do Panorama da Hotelaria Brasileira, um material rico em análise para ajudar na finalização dos orçamentos de 2020. Sem nova oferta expressiva para os próximos anos e com recuperação econômica, a base para crescimentos mais agressivos está posta.

Contratos de Vinculação nos Condo-hotéis

Ao comprar um condo-hotel é importante que o investidor entenda não somente a perspectiva de resultado financeiro, mas também os contratos aos quais ele está aderindo no momento da compra. Este artigo tem o intuito de esclarecer quais são estes contratos e de que forma os players deste negócio estão ligados.

Existe uma série de estruturas contratuais que vinculam os proprietários e a operadora hoteleira. Para facilitar a compreensão, abaixo demonstro um esquema da estrutura contratual típica encontrada nos Condo-Hotéis e cada um dos contratos e documentos existentes que conectam as partes.

Fluxograma – Estrutura Contratual Típica dos Condo Hotéis

⦁ Contrato de Compra e Venda
É o contrato firmado inicialmente entre a incorporadora e o investidor hoteleiro, no qual a incorporadora passa ao mesmo a propriedade do imóvel mediante o pagamento de uma quantia acordada entre as partes. Após essa compra, o novo proprietário deverá fazer o registro desse imóvel e retirar a escritura definitiva do bem. Ao assinar o “Contrato de Compra e Venda”, o investidor também está assumindo os direitos e obrigações dos demais contratos já assinados pela Incorporadora.


⦁ Convenção de Condomínio
A convivência em condomínio, seja residencial, comercial ou mista, é organizada segundo a  sua convenção. Na convenção está previsto o “regimento interno” do condomínio, ou seja, as regras de utilização das áreas comuns. Este documento trata também dos direitos e deveres do condômino e da administração em geral, além das formas de gestão, como assembleias, eleição de síndico e conselho.


Contrato de Locação ou Administração
O contrato de locação é celebrado entre a incorporadora e seus sucessores (os proprietários) e a Operadora Hoteleira, no qual esta aluga o imóvel para nele implantar a operação hoteleira. Usualmente a operadora hoteleira paga um percentual variável sobre o resultado da exploração hoteleira a título de aluguel. Esse é um dos principais contratos do ponto de vista financeiro, pois é nele em que estarão descritas as taxas da operadora e as regras da locação do imóvel como prazo, renovações, seguros necessários, e ainda todas as despesas que serão arcadas pela operação do Hotel.


Outra forma comum de contrato entre a operadora hoteleira e o investidor de condo-hotel é um contrato de administração, onde a operadora administra os negócios hoteleiros do investidor e este recebe parte do lucro da operação.


A principal diferença entre estas duas formatações é que devido ao risco mais elevado para a operadora hoteleira no contrato de locação as suas taxas também são maiores. Esse risco vem do fato de não haver no contrato de locação um aporte de capital do investidor no caso de resultado negativo das operações. Esse resultado é suportado inicialmente pela operadora hoteleira, que irá repor esse prejuízo com resultados positivos futuros.


⦁ Contratos
Uma vez que são diversos proprietários de unidades autônomas dentro de um mesmo hotel, existem algumas estruturas contratuais para agrupá-los como um “único ente”. As formas mais comuns encontradas são duas: SCP (Sociedade em Conta de Participação) ou Contrato de Mandato Civil. Em cada um desses formatos existe a figura de um representante do grupo, o qual possui deveres e responsabilidades bastante distintos: “Sócio Ostensivo” e “Mandatário”, respectivamente.


a. Contrato de Mandato Civil
No Direito Civil brasileiro, “mandato” representa um contrato pelo qual uma pessoa, denominada mandante, confere poderes à outra, chamada de procuradora ou mandatária, para agir em seu nome, praticando atos conforme o interesse do mandante.


No caso específico dos Condo-Hotéis, isso significa que os proprietários das unidades autônomas conferiram poderes a um representante (mandatário) para praticar atos e administrar os seus interesses junto à operadora hoteleira. Este mandatário pode, ou não, receber uma remuneração sobre este serviço.


Nessa formatação contratual, a operadora hoteleira paga diretamente a cada proprietário o valor líquido do seu aluguel, fazendo a retenção na fonte conforme a tabela progressiva do imposto de renda da Receita Federal.


b. SCP (Sociedade em Conta de Participação)
A sociedade em conta de participação é uma sociedade empresária que vincula, internamente, a totalidade das unidades autônomas do edifício. Os proprietários dessas unidades autônomas são designados como “Sócios Ocultos”, os quais dão em locação o empreendimento a uma “Sócia Ostensiva” que irá destiná-lo (geralmente sublocando-o) a uma operação hoteleira. A Sócia Ostensiva pode, ou não, receber uma remuneração sobre este serviço.


Normalmente, as SCP são constituídas por um prazo limitado, com o objetivo de explorar um determinado projeto. Após cumprido o objetivo, a sociedade se desfaz.


Nessa formatação contratual de SCP, o aluguel pago pela operadora hoteleira entra na sociedade e é repartido entre os membros, conforme sua cota parte (correspondente a sua unidade autônoma), a título de distribuição de lucros, estando assim sujeito a uma tributação e legislação diferente da encontrada nos Contratos de Mandato Civil.


⦁ Hotel Asset Management (HAM)
Usualmente a empresa de Hotel Asset Management desempenha o papel de representante dos interesses dos proprietários junto à operadora hoteleira como mandatária dos investidores. Contudo, esse mandato, apesar de muito conveniente, não é imprescindível, podendo ser firmado um Contrato de Prestação de Serviços, no qual a empresa de HAM é remunerada pelos seus serviços de expertise hoteleiro.

Essa formatação contratual deve ser estruturada pela Incorporadora e Operadora Hoteleira em conjunto com os advogados e o Hotel Asset Manager, de forma a trazer a realidade da prática para as cláusulas contratuais. Seja qual for a melhor formatação encontrada, é importante que todos os envolvidos tenham ciência dos direitos e responsabilidades que estão assumindo ao entrar no negócio de Condo-hotel.